Dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) apontam:
mais de 12 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer anualmente no
mundo. No Brasil, a doença é a segunda mais incidente, só sendo superada pelos
males relacionados ao coração. Os números assustam, mas a boa notícia é que a
sobrevida desses pacientes é cada vez maior devido à evolução dos tratamentos.
Um dos métodos mais estudados no momento é a terapia que utiliza
células-tronco.
Segundo Nelson Tatsui, hematologista e diretor técnico da
Criogênesis, as células-tronco do sangue do cordão umbilical são utilizadas
para substituir o transplante de medula óssea no tratamento da leucemia,
linfoma e algumas enfermidades imunológicas. “Elas também são usadas para
recuperar o sistema hematopoiético (responsável pela fabricação das células
sanguíneas) de pacientes submetidos à quimioterapia e/ou à radioterapia. Nessas
situações, a infusão é vital, uma vez que esses tratamentos também destroem o
tecido que produz o sangue do paciente”, pontua.
Por se tratar de um tema complexo, é comum surgirem
diversas dúvidas sobre o assunto. Abaixo, o especialista desvenda as principais
questões que permeiam o assunto.
Quais são as formas de aplicação de células-tronco?
A terapia celular possibilita duas formas de aplicação.
Uma delas é o transplante autólogo no qual as células (do próprio paciente),
previamente armazenadas, são utilizadas. Já no transplante alogênico, as
células são provenientes de outro indivíduo.
O procedimento é seguro?
O procedimento de coleta é totalmente seguro, pois o
sangue só é retirado da placenta e do cordão umbilical, após a separação do
bebê da mãe. A coleta é indolor e ocorre de forma rápida, dura poucos minutos.
A drenagem do sangue é feita por meio de uma punção na veia umbilical do cordão
e seu acondicionamento é realizado em bolsa contendo anticoagulante.
A terapia celular com células-tronco presentes no sangue
do cordão umbilical apresenta metodologia e resultados semelhantes aos do
transplante de medula óssea?
Apesar dos resultados serem equivalentes, o processo para
obter, armazenar e disponibilizar as células-tronco do sangue do cordão
umbilical é mais simplificado do que o processo a partir da doação de medula.
Ao coletar a medula óssea de um doador, realizam-se várias punções em um osso
chamado esterno e/ou do osso ilíaco. Este procedimento é realizado no centro
cirúrgico e com o paciente anestesiado. O processo é mais complexo do que para
a obtenção do sangue do cordão, pois o mesmo, é mais simples. Uma vez realizado
o transplante, as células se multiplicam no organismo e substituem as doentes
em poucas semanas.
Nos casos de família com histórico de câncer, é
recomendável o congelamento?
Sem dúvida. É importante destacar que as células-tronco,
além de serem compatíveis com o próprio bebê, possuem uma chance elevada de
compatibilidade entre irmãos. Com as células criopreservadas, há maior rapidez
no tratamento e, após o transplante, há a diminuição dos riscos de rejeição e
efeitos colaterais.
É possível coletar células-tronco de prematuros ou em
partos de emergência?
Sim. O procedimento poderá ser realizado a partir de 32
semanas de gestação, conforme descrito na legislação que rege o funcionamento
dos bancos de cordão umbilical e placentário. A Criogênesis segue a legislação
brasileira e a AABB (Associação Americana de Banco de Sangue), que é uma
entidade americana responsável pela auditoria da qualidade dos bancos de cordão
umbilical, a qual exige que a coleta seja realizada por um profissional da área
da saúde previamente treinado. De forma geral, a coleta é sempre realizada com
autorização da mãe ou dos pais.
Uma vez doado, o sangue do cordão umbilical poderá ser
utilizado pela família a qualquer tempo?
No caso de doação, o sangue ficará armazenado numa
unidade do banco público da rede BrasilCord, à espera de um paciente compatível
com uma doença hematológica. Neste caso, a família não poderá reivindicar o
sangue de cordão, uma vez que foi doado. No sistema privado, a família dispõe
do serviço de coleta e armazenamento, ficando assim, disponível para o próprio
bebê e para potencial uso da própria família.
Quanto tempo elas podem ficar armazenadas?
Não há tempo máximo definido pela literatura. Há relatos
que indicam unidades congeladas há mais de 25 anos e que ainda demonstram
viabilidade celular adequada. Se o processamento e a estocagem forem realizados
adequadamente (mantidos em temperatura inferior a -150 C), a expectativa é que
as células-tronco continuem boas e viáveis por décadas.
Fonte: JB Online